Brasil
Introdução: O estado nutricional pode interferir diretamente no tratamento de crianças e adolescentes com câncer, no entanto, métodos de avaliação nutricional, comumente utilizados nesta população, podem não detectar alterações corporais recentes, dificultando a identificação de pacientes desnutridos ou em risco nutricional. O ângulo de fase (AF), obtido a partir da análise por impedância bioelétrica (BIA), vem sendo sugerido como possível indicador de estado nutricional em diferentes condições clínicas. Objetivo: avaliar o comportamento do AF na população infantojuvenil durante o tratamento quimioterápico. Métodos: Estudo longitudinal, prospectivo e observacional, foi realizado no ambulatório de hematopediatria do Complexo Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná (Curitiba, Brasil), entre fevereiro de 2012 a novembro de 2013. A coleta de dados foi feita antes da primeira sessão de quimioterapia, na metade e no final do tratamento da fase intensiva (antes de iniciar a fase de manutenção) para os pacientes com leucemia e, no final do último ciclo de quimioterapia para os pacientes com linfomas ou tumores sólidos. Os pacientes foram divididos em dois grupos de acordo com a fase de tratamento: fase intensiva (FI) e fase em ciclos (FC). O AF foi encontrado após obtenção da resistência (R) e da reactância (Xc). Realizou-se análise descritiva para evolução do AF, da R e da Xc em cada grupo e, Anova e Kruskal Wallis para comparação dos valores de AF, R e Xc nos diferentes tempos em cada grupo. Resultados: Pacientes do grupo FC tiveram aumento da R entre a primeira e a última avaliação. Não foram encontradas outras alterações no comportamento do AF, da R e da Xc ao longo do tratamento nos dois grupos, porém, analisando individualmente, observou-se que a maioria dos pacientes, em cada grupo, apresentou diminuição dos valores de AF no decorrer do tempo. Discussão: Os resultados sugerem que o AF e a R são sensíveis à alterações corporais que ocorrem em crianças e adolescentes com doenças oncológicas em tratamento quimioterápico. Conclusão: Parece que o AF e a R conseguem indicar alterações corporais, no entanto mais estudos com maior número de pacientes precisam ser realizados para afirmar sua utilização como indicador de estado nutricional em crianças e adolescentes com câncer.
Background: Nutritional status may interfere directly with the treatment of children and adolescents with cancer; however, nutritional assessment methods, commonly used in this population, may not detect recent body changes, making it difficult to identify malnourished patients or those at nutritional risk. The phase angle (PA), obtained from bioelectrical impedance analysis (BIA), has been suggested as a possible indicator of nutritional status in different clinical conditions. Objetive: evaluate the behavior of PA in the child and adolescent population during the chemotherapy treatment. Methods: A longitudinal, prospective and observational study was performed at the hematopediatrics outpatient clinic of the Hospital de Clínicas of the Federal University of Paraná (Curitiba, Brazil) between February 2012 and November 2013. Data collection was done before the first chemotherapy session, in the middle and at the end of the intensive phase treatment (before starting the maintenance phase) for patients with leukemia and at the end of the last cycle of chemotherapy for patients with lymphomas or solid tumors. The patients were divided into two groups according to the treatment phase: intensive phase group (IP) and group in cycles phase (CP). The PA was found after obtaining the resistance (R) and the reactance (Xc). A descriptive analysis was performed for the evolution of PA, R and Xc in each group, and Anova and Kruskal Wallis for comparison of the values of PA, R and Xc at different times in each group. Results: Patients of the CP group had an increase in R between the first and last evaluation. No other changes were found in the behavior of PA, R and Xc in the two groups throughout the treatment, however, analyzing individually, it was observed that the majority of patients, in each group, presented a decrease in PA values during the course of the treatment time. Discussion: The results suggest that PA and R are sensitive to body changes that occur in children and adolescents with oncological diseases undergoing chemotherapy. Conclusion: It seems that PA and R can indicate changes in the body, but more studies with a greater number of patients need to be performed to confirm their use as an indicator of nutritional status in children and adolescents with cancer.