Autores da Ciência da Ocupação e da Terapia Ocupacional tem destacado a espiritualidade como um elemento que estabelece importantes relações com a ocupação, o bem-estar, o cotidiano e a saúde das pessoas. Apesar da crescente valorização deste tema, ainda há uma enorme lacuna entre a teoria e a prática, entre reconhecer a importância da espiritualidade e efetivamente incorporá-la à prática clínica. Neste artigo, nos propomos a refletir sobre o tema da espiritualidade a partir de algumas questões que podem permear a prática de terapeutas ocupacionais que optam por desenvolver uma clínica espiritualmente integrada, ou seja, que valoriza e reconhece a espiritualidade como elemento capaz de potencializar o significado das ocupações e influenciar diretamente no desempenho ocupacional de seus clientes. Nesse sentido, acreditamos que terapeutas ocupacionais não podem deixar de contemplar a dimensão espiritual e religiosa dos clientes sob o receio de que uma abordagem ou valorização dessa questão possa ser entendida como não científica, já que práticas que abordam a dimensão espiritual das pessoas não são mais vistas como sendo a antítese do progresso da ciência. Sob esse horizonte, uma prática terapêutica ocupacional espiritualmente integrada não será menos científica do que qualquer outra abordagem terapêutica.